terça-feira, 28 de outubro de 2014

Você é o que veste


Tem alguns processos que acontecem no nosso caminhar rumo ao novo que é muito interessante observar no dia a dia. A desestruturação que está acontecendo e que temos demonstrado aqui tem nuances que acontecem dentro de nós, mas que se expressam no nosso exterior – provando que a integridade do ser é algo absolutamente essencial. Explico: uma coisa que venho notando constantemente tem a ver com o jeito de se vestir de diversas mulheres que conheço. Começando por mim mesma. Já faz algum tempo sinto que algumas roupas já não me cabem mais. Não porque engordei e sim, porque mudei. Aquelas modelos que antes me davam força e segurança agora me deixam absolutamente sem prumo. Isso estava acontecendo em mais de 40% do meu guarda-roupa e óbvio que não posso mudar todas as minhas roupas do dia para a noite, mas aos poucos vou revertendo aqueles modelos de mulher poderosa, sedutora, referendadas pela moda, por peças que falam mais ao meu coração. 

Fiquei pensando se isso estava me tornando uma espécie de “bricho grilo”. Fui salva por uma amiga que me convidou para ajuda-la a dar uma "repaginada" no armário. Ela me disse: “eu não consigo usar mais as roupas que tenho, acho que tem um pouco a ver com a minha idade, mas também não quero roupas de senhorinha e muito menos quero deixar de parecer elegante”. É isso! Mudar nosso estilo “por fora” tem tudo a ver com que estamos sentindo dentro de nós. 

As mulheres, nos últimos tempos, usaram muito suas vestimentas para demonstrar domínio, segurança e poder num mundo onde elas se sentiam com pouco domínio. Agora parece que, finalmente, estamos entendendo que mostrar a nossa essência e expressar o que verdadeiramente somos de dentro para fora pode mais nos ajudar do que atrapalhar. 

Outro dia fui almoçar com uma ex-cliente que se tornou amiga. Ela, uma mulher linda, sempre usou roupas super chiques e acessórios de puro poder. Ela é executiva em um empresa onde o padrão é bem masculino e ela sempre se impôs muito bem perante uma diretoria só de homens. Mas no dia do nosso almoço ela estava diferente. Com uma roupa bem mais fluída, quase um estilo “hippie chic”. Nem por isso menos elegante. Me surpreendi e perguntei se ela não estava trabalhando naquele dia e ela riu, entendendo a minha surpresa.

Falamos sobre isso durante o almoço e eu, curiosa, perguntei se ela estava se sentindo bem perante seus pares neste seu novo estilo e, principalmente, se eles a continuavam respeitando. Ela me disse que tinha descoberto que agora eles a respeitavam mais do que antes e a conclusão dela é perfeita: “agora eu não estou fingindo nada e continuo sendo competente como antes”.  

Mesmo assim não é tarefa fácil. Primeiro porque nós, mulheres, temos que sentir e compreender profundamente a nossa essência antes de tentarmos expressar para fora quem realmente somos. Depois disso é preciso coragem para realmente mudar. Mas uma coisa é fato e posso falar por experiência própria. Passei anos me enfeitando feito pavão e tentando arrancar elogios das pessoas pelo meu estilo como forma de reconhecimento. Hoje não ligo mais para isso. Me visto como gosto. Me sinto bem e elegante. Mas também me sinto confortável. Aliás, me visto com o objetivo de me sentir assim. As pessoas amam e me elogiam diariamente. Querem saber o segredo ou o que mudou. Este texto explica o que mudou.


Nenhum comentário:

Postar um comentário